Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023, divulgado em maio pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), sugere que 23% das profissões existentes, cerca de um quarto dos profissionais disponíveis hoje no mercado, passarão por mudanças drásticas em sua forma de trabalho nos próximos cinco anos.

O estudo, que está em sua quarta edição, ouviu 803 empresas de todas as regiões do mundo. Segundo estimativa dos entrevistados, serão criados 69 milhões de novos empregos e eliminados outros 83 milhões até 2027. O avanço da adoção de tecnologia e o aumento da digitalização serão os principais responsáveis pela rotatividade no mercado de trabalho.

Nesse contexto, os entrevistados pelo estudo indicaram quais profissões devem desaparecer em até cinco anos. Essa lista é encabeçada por caixas de banco; funcionários dos Correios; operadores de caixas e cobradores; digitador de dados; e secretários administrativos. Em relação às profissões emergentes, o relatório menciona especialistas em Inteligência Artificial; em sustentabilidade; analistas de business intelligence (BI); e de segurança da informação.

Entre as principais mudanças na forma de trabalho, destaque para Inteligência Artificial (IA). Setenta e cinco por cento das empresas ouvidas afirmaram que adotarão a tecnologia em suas atividades nos próximos cinco anos. 

O relatório revela também que seis em cada dez trabalhadores precisarão de treinamento antes de 2027.  Além disso, 44% das habilidades de um trabalhador individual precisarão ser atualizadas.

Inteligência Artificial. Quanto à IA, cabe destacar sua capacidade de processar uma quantidade imensa de dados disponíveis na internet, chamados de big data, em curto espaço de tempo. Cruzando milhões de informações e estabelecendo padrões, as ferramentas que usam essa tecnologia são capazes de ‘aprender’ e simular a inteligência humana. Com isso, podem criar textos, fórmulas matemáticas, monitorar e fiscalizar transações e até tomar decisões autônomas.  

Em razão da popularização cada vez maior desta tecnologia, não é difícil imaginar que, em breve, ela poderá ser utilizada pelos Fiscos.

Comércio digital. O estudo do FEM prevê crescimento exponencial do comércio digital nos próximos anos. O setor levará aos maiores ganhos absolutos em empregos: são esperadas aproximadamente dois milhões de novas funções habilitadas digitalmente.

Ressalta-se que tal cenário já pode ser encontrado nos registros da Aduana brasileira referentes a remessas diárias de mercadorias que entram no País. Em 2017, eram 36 mil, hoje, são 700 mil. Esse crescimento deve-se, principalmente, à operação de grandes sites de compras, os chamados marketplaces.

Moedas digitais. Por falar no tempo presente, a digitalização da economia também é uma realidade. No sistema financeiro, por exemplo, não param de surgir criptomoedas, criadas a partir da tecnologia blockchain.

A primeira delas, o bitcoin, foi lançada em 2008, mesmo ano da crise no sistema financeira nos Estados Unidos desencadeada com a falência do banco de investimentos Lehman Brothers. Desde então, popularizou-se e, mesmo diante da concorrência de outras moedas digitais surgidas posteriormente, ainda é considerada a principal criptomoeda do mundo.  Alguns especialistas em mercado financeiro preveem, inclusive, que o bitcoin substituirá o dólar e será a próxima moeda dominante do mundo.

No Brasil, o Banco Central anunciou recentemente que fará testes com o Real digital ao longo dos próximos meses.  O plano é lançá-la no primeiro semestre de 2024. Todas as transações serão registradas na blockchain, sendo inteiramente rastreáveis.

Visão de futuro. É provável que essas tecnologias estejam presentes na rotina dos Auditores Fiscais em um tempo não tão distante. Por isso, a Unafisco passou a apresentar o tema aos seus associados.

Em 2021, a entidade lançou a resenha intitulada Transformando Sistemas Tributários pela tecnologia Blockchain sobre um evento organizado pelo Fisco canadense. No referido evento, o presidente do Blockchain Research Institute, Don Tapscott, explicou como funcionará a arrecadação de tributos pela tecnologia blockchain.

Outro painelista do evento, o diretor da Data Tech International, Goran Todorov, abordou casos práticos de implementação de fiscalização eletrônica para garantia da arrecadação pelo setor público. Ele fez parte de uma equipe que desenvolveu projeto para o Banco Mundial nesta área.

Naquele mesmo ano, a entidade realizou a live “Blockchain e as criptomoedas: a Revolução Digital”, trazendo o jornalista Rafael Gregorio, do jornal Valor Econômico, para falar sobre o assunto.

Diante do cenário de disrupção, é fundamental que a Receita Federal tenha visão de futuro e estruture-se para potencializar o trabalho de excelência realizado pelos Auditores Fiscais. A Administração Tributária precisa atualizar-se com os novos sistemas tecnológicos e, principalmente, investir em treinamentos e requalificação do seu corpo técnico. As novas ferramentas vêm para aprimorar o que já é feito pela Classe e não para substituí-la.