Título: Unafisco: Seleção nos aeroportos é de inteligência; joias chamaram atenção
Publicação: UOL
Data: 7/3/2023
Mauro Silva, presidente da Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil), contou em entrevista ao UOL News nesta terça como é feito o processo de seleção nos aeroportos brasileiros de passageiros e bagagens vindos do exterior. Ele explicou que os agentes trabalham com dados de inteligência e as joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que seriam um presente do governo saudita para Michelle Bolsonaro, despertaram a atenção da equipe.
“É preciso entender como é feita a seleção nos aeroportos. É todo um trabalho de inteligência que existe antes. Não temos mais aquela ideia de uma seleção visual; há todo um trabalho antes, desde o embarque no exterior e o histórico como viajante. As bagagens passam por um raio-x e a equipe de seleção verifica aquilo que tem interesse. Viu-se que as joias chamaram a atenção” (Mauro Silva, presidente da Unafisco).
As joias foram trazidas nas bagagens da equipe de Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia na gestão de Bolsonaro. Silva confirmou que Albuquerque negou tratar-se de um presente ao governo. O presidente da Unafisco afirmou que, diante desta negativa, foi seguido o procedimento usado para quem excede o limite de US$ 1 mil em itens pessoais.
“Provavelmente, o outro pacote com um relógio, por ser mais comum, não chamou a atenção e ia na bagagem de outro passageiro. Se fosse do mesmo, teria sido selecionada para a inspeção física. Após a seleção física, conversa-se com o passageiro para saber informações a respeito daquilo. Foi perguntado ao passageiro: ‘É um presente para o governo brasileiro?’. E ele disse ‘não’” (Mauro Silva, presidente da Unafisco).
O envolvimento de Jair e Michelle Bolsonaro no escândalo das joias fez o Partido Liberal repensar as estratégias para o casal, conforme apurou Josias de Souza. O colunista contou alguns detalhes de como o caso do presente do governo saudita, avaliado em R$ 16,5 milhões, teve repercussão negativa dentro do partido.
“O PL, do ex-presidiário Valdemar Costa Neto [presidente do PL], deve recolher o projeto de levar à vitrine a ex-primeira-dama Michelle. Ela faria um road show pelo país, exibindo sua figura casta. Nesse momento, falta um pouco de castidade a uma personagem cujo marido suou o paletó para assegurar a posse de um presentinho de R$ 16,5 milhões. A programação do casal está sofrendo uma reanálise” (Josias de Souza, colunista do UOL).
O escândalo das joias tem capacidade de minar o que resta do capital político de Jair Bolsonaro, na visão de Cesar Calejon. O jornalista analisou as consequências que o caso do presente do governo saudita, estimado em R$ 16,5 milhões, pode trazer ao ex-presidente e sua esposa, Michelle.
“Bolsonaro já tem uma situação bastante complicada junto à Justiça Eleitoral, no maior processo de extorsão e fraude para tentar garantir sua reeleição. Essa é mais uma medida que complica a situação dele. [O caso das joias] Tem potencial bastante destrutivo para o que resta do capital político do Jair Bolsonaro” (Cesar Calejon, jornalista).
Assista a seguir à entrevista na íntegra: